
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, recusou duas tentativas recentes de contato telefônico feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que buscava discutir possíveis caminhos para um acordo de paz entre Kiev e Moscou.
A negativa ucraniana foi interpretada como uma resposta direta ao gesto do presidente brasileiro de aceitar um convite de Vladimir Putin para participar, em maio, de uma cerimônia em Moscou, capital da Rússia, marcada por forte simbolismo político.
Fontes ligadas ao governo ucraniano afirmam que os pedidos de Lula causaram surpresa e indignação, sobretudo por terem ocorrido pouco antes da visita do líder brasileiro à capital russa.
Para os ucranianos, a iniciativa soa contraditória e insensível diante da guerra em curso e da aproximação do Brasil com o principal agressor do conflito.
Zelensky e Lula não conversam desde 2022
Zelensky e Lula não conversam desde setembro de 2022. Nesse período, Kiev teria feito pelo menos 15 pedidos de conversa por telefone e enviado seis cartas oficiais ao governo brasileiro — todas ignoradas.
A recusa recente marca, segundo interlocutores ucranianos, um ponto de tensão diplomática com o Brasil.
A irritação aumentou após Lula declarar, durante uma visita ao Vietnã, que tentaria estabelecer um diálogo com Zelensky e insinuar que o presidente ucraniano não estaria disposto a conversar sobre o fim da guerra.
O Itamaraty chegou a sugerir duas datas para a ligação — 4 e 11 de abril — mas ambas foram prontamente recusadas por Kiev.
A decisão de Lula de participar das comemorações pelos 80 anos da vitória soviética sobre o nazismo, em Moscou, foi vista como uma provocação, dada a atual guerra entre Rússia e Ucrânia.
O evento é usado por Putin como palco político para reforçar seu discurso nacionalista e justificar ações militares, o que acentuou o mal-estar entre Brasília e Kiev.