
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou nesta terça-feira (15) que teve seu gênero alterado para “masculino” em um visto diplomático emitido pelo governo dos Estados Unidos.
O episódio ocorreu às vésperas de uma viagem oficial da parlamentar para participar da Brazil Conference 2025, realizada na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
“É uma situação de profunda violência e desrespeito. Viola um documento brasileiro, desconsidera minha identidade de gênero e representa um ato cruel de transfobia institucional por parte do governo americano“, afirmou Erika em nota.
Diante do ocorrido, a deputada optou por cancelar a viagem. Erika Hilton foi eleita em 2022 como uma das duas primeiras mulheres trans a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, ao lado de Duda Salabert (PDT-MG).
De acordo com sua assessoria, o visto anterior, emitido em 2023, respeitava sua identidade de gênero. No entanto, com a expiração do documento, foi necessário solicitar uma nova emissão — momento em que a alteração no marcador de gênero foi constatada.
Hilton já articula uma ação internacional para responsabilizar o governo dos EUA e busca audiência com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para tratar do caso.
Trump revoga políticas inclusivas
Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos em janeiro deste ano, Donald Trump tem adotado uma série de medidas para desmontar políticas de diversidade e inclusão implementadas na gestão anterior.
Entre as ações, estão a revogação de programas voltados à equidade racial e de gênero, a suspensão do reconhecimento de identidades não binárias nos passaportes e a proibição de pessoas transgênero nas Forças Armadas. Uma das ordens executivas mais polêmicas assinadas por Trump também veta procedimentos de redesignação de gênero em menores de idade.
“É inadmissível que o preconceito promovido pelo presidente dos Estados Unidos afete até mesmo uma parlamentar brasileira em missão oficial”, criticou Erika Hilton, destacando que seu caso é reflexo de uma política transfóbica institucionalizada.