
O vereador Vini Oliveira (Cidadania) é alvo de um processo de cassação, Comissão Processante (CP), na Câmara Municipal de Campinas e apresentou a sua defesa prévia nesta segunda-feira (19), solicitando o arquivamento por falta de provas e de legitimidade.
Os advogados José Pedro Said Junior e Paulo Antonio Said afirmam que o relator do processo, o vereador Nelson Hossri (PSD), tem vínculo com a denunciante, a médica Daiane Copercini. No documento, a defesa ainda afirma que Nelson é parcial.




A assessoria do vereador Nelson Hossri foi procurada para comentar o assunto e disse que a defesa foi protocolada hoje. “A comissão tem cinco dias para fazer um relatório preliminar”, limitou-se a dizer.
A médica Daiane Copercini disse que ficou surpresa com a tese da defesa.
“Ele alega que eu tenho vínculo com o vereador Nelson porque ele me segue no Instagram? Sério? Assim como muitos vereadores desde que ele publicou o vídeo com meu nome! Essa acusação tão categórica dele embasada em algo tão irrelevante? É por isso que ele recebe tantos processos”.
Copercini comentou que segue muitos vereadores com os quais compartilha de algumas ideias e aprova as condutas, visto que mora e trabalha no SUS Campinas. Ela diz ainda que sofreu ameaças por “perfis fakes” após apresentar a denúncia.
“Eu optei por não fechar, porque não tenho conluio e ‘rabo preso’ com ninguém”, finaliza.
Leia a nota da médica que denunciou o vereador Vini Oliveira
“Eu apresentei essa denúncia de quebra de decoro devido o assédio moral e todos os pontos expostos no documento lido, esperando nada mais e nada menos que justiça após a avaliação das provas juntadas no processo, que são muitas (e ele com certeza não quer que esse processo vá a diante porque sabe que se excedeu e foi agressivo, acessou prontuários, entre tantas outras provas que estão à disposição da comissão). Ele não quer ser desmascarado diante da população que “conquistou” com seu sensacionalismo e mentiras. Quando o relator publicou o vídeo em relação à sua postura diante da CP, eu, como denunciante, fiquei satisfeita em saber que haveria rigor na avaliação de tudo, e que, independente do resultado, eu fiz o que julguei correto. Assim, compartilhei o vídeo pra que meus seguidores, que me apoiam, pudessem ver que haveria uma comissão pautada na justiça”.
Vini pede para que Lucas Melão não seja testemunha
Said & Said Advogados Associados declaram que o processo “tenta constranger e enfraquecer um mandato legitimamente constituído, motivada por ressentimentos pessoais e perseguição política”.
“A denunciante Daiane, em atitude que denota escárnio, publicou em suas redes sociais, justamente no dia em que seria deliberada a abertura da Comissão Processante, uma imagem da sessão transmitida pela TV Câmara, acompanhada de um emoji de pipoca, em evidente tom de deboche”, traz a defesa de Vini.

Uma dessas táticas seria a uma “aliança” entre a médica e um “conhecido opositor” de Vini, Lucas Melão, da página Liberta Campinas, arrolado como testemunha na CP.


“Tal escolha, divorciada dos princípios da razoabilidade, pertinência e legalidade, apenas reforça o caráter persecutório da denúncia e a evidente instrumentalização do processo de cassação como ferramenta de ataque político”, aponta a defesa.

Lucas Melão disse que seu nome está no processo porque tem uma denuncia contra o vereador Vini Oliveira no Ministério Público.
“Eu esperava mais de um advogado que tem 30 anos aqui em Campinas. Eles não querem que eu fale. Eu não estava presente nos fatos no dia da invasão. Nem sei se posso falar na CP. A minha denúncia foi juntada ao processo da doutora Daiane. Vai ser um prazer participar porque tem muita coisa errada (…) “Eu estou montando um dossiê para todos os vereadores três dias antes da votação”, comentou Melão.
Por que o vereador Vini Oliveira está em processo de cassação na Câmara de Campinas?
Vini foi acusado pela médica de entrar no Hospital Mário Gatti no começo deste ano e filmar servidores municipais sem consentimento.
A denúncia foi encaminhada ao Legislativo, que aprovou a abertura do processo por 23 votos contra 9. A Comissão Processante foi definida por sorteio e terá como presidente a vereadora Mariana Conti (Psol).
Os integrantes da CP terão 90 dias para concluir o trabalho, contados a partir da notificação ao acusado.
Vini teve 10 dias para apresentar a defesa prévia por escrito. Agora, a CP terá cinco dias para decidir se vai arquivar ou prosseguir com a denúncia.